Wednesday, October 22, 2014

De Panidrom para Panidrom

QUERIDOS,

FIZ UM APANHADÃO GERAL DE TUDO QUE CONVERSAMOS NA SEGUNDA, É SOMENTE UMA TENTATIVA, A DEFESA DE ALGUNS PONTOS QUE ENTRARAM NO DEBATE. ESTÁ ABERTO PARA SER COMPLETAMENTE DESCARTADO, MAS ME FEZ COMPREENDER ALGUMAS COISAS. BEM, AÍ VAI...


PANIDROM

As criaturas são a síntese representante de seus lugares. O público são os seus... Todos moram em uma mesma região em diferentes tempos. Se unem em um só tempo para a grande solução sobre todos os problemas das remoções de todos os tempos. São criaturas eternas, porque esses lugares que merecem remoções sempre existiram. Resolvendo a remoção de criaturas símbolos dessas energias marginais, A Remoção será enfim solucionada.
Todos estão avisados e já sabem a determinação do Estado: hoje é o dia de irem para PANIDROM. Pouco entendem sobre o lugar, ouviram histórias, tem memórias de outros que lá estiveram. Sabem que a água irá tomar suas casas. Um dia antes da data marcada, surgem rumores de uma catástrofe recente, algo sobre um índio afogado. O Estado já teria avisado: “Vocês não têm muito tempo.” Em algumas semanas foi tudo preparado, a solução havia surgido: PANIDROM.
O Representante do Estado preparou com máximo precisão os mínimos detalhes. A Remoção histórica para PANIDROM. Todos os livros lembrariam que ele havia sido o homem de frente na remoção que criou PANIDROM. Acredita ter sido escolhido por Ordens Superiores para lá comandar aqueles povos, submetê-los para a criação dessa nova sociedade modelo. Contava com apoio músico-militar de indução sob criaturas e que teria estruturas mínimas de comando sobre esses.
O sinal toca, os povos vão chegando, as criaturas como representantes. O cortejo magnânimo para PANIDROM é alcançado pouco a pouco. Perez Perez comandando a carreata.
Em seu discurso de convencimento busca usar de argumentos compreensivos e empolgantes. Falsamente entende o grande medo daquelas criaturas: de que suas vidas fossem tomadas pela água. 

Em sua fala, afasta com ‘clareza’ qualquer temor a inundações:

PEREZ PEREZ - Não há porque temer a água, meus amigos! Não há qualquer risco neste novo lugar. É maravilhoso ter a certeza de que esse lugar é seco! Verdadeiramente confiável! Cem por cento de chance de nunca ocorrer uma inundação! Seu maior medo finalmente acabará! Terão paz em PANIDROM! Tudo que sempre se sonhou! Nossos maiores sonhos... Realizados! Toda uma expectativa!

O êxodo segue pela Primeira Estrada (a rua do BB), as criaturas começam a estabelecer relações entre elas. Quando chega o momento da curva, a confusão dessas relações eclode em uma sucessão de perguntas por todo o público, eles vão e voltam desordenadamente. (‘vocês ouviram sobre o índio afogado?’, ‘Que dia é hoje?’ ‘Me empresta?’ ‘Esse livro é da Rosa!” ‘Quem trouxe criança?’) Após o caos, eles voltam com atenção ao cortejo quando na segunda curva eles avistam o portão PANIDROM completamente iluminado.

A intensidade da música aumenta. As promessas beiram milagres. Todos caminham entre euforia, tesão e êxtase pela terra seca. Estão completamente induzidos a pensarem sobre o quanto não tem mais medo da água. A mão invisível abre os portões e o mantra hipnótico da música os conduz à extrema felicidade. Todos se sentem preenchidos em lembranças.

Entram: avistam a terra seca. Ficam maravilhados por um breve instante. Percebem que o espaço é seco demais. Avistam pela primeira vez o índio passando muito ao fundo. Comentam. Zoé não tem medo, só acha estranho índio afogado andando entre os vivos. Observam o espaço, percebem suas dimensões e começam a explorá-las. Perez Perez se sente completamente chocado com o quanto foi enganado. Não acredita não falta de tudo que lhe prometeram. Tenta discretamente retornar aos portões que ainda continuam acesos, mas completamente fechados. Se dá conta disso, seu desespero é maior. A atenção voltasse para ele.

Ele começa a tentar convencer sobre as qualidades do lugar. É preso. Ordena que o soltem, pois ele seria o quem deveria ser o governador de PANIDROM. O Índio aponta para um tronco com uma fita amarela. Só Noah está vendo isso. Noah percebe que há outros troncos assim e conta no ouvido da Zoé. Zoé diz achar que o Índio quer que todos peguem os troncos com fita amarela. O Homem Chamado Cavalo diz que quem estão certas são as crianças. Todos correm e juntam os troncos perto do Índio. Eles se afastam. O Índio pega um isqueiro e um pedaço de jornal. Acende o jornal com o isqueiro e a fogueira com o jornal. Marenka grita comandando que o público e fique na roda marcada por ela no chão:

MARENKA – Plenária! Plenária!

As criaturas ficam dentro da roda do público e Marenka marca um círculo menor para eles em volta da fogueira. Perez Perez está amarrado. 

PEREZ PEREZ REVELA :

·         QUE O ÍNDIO RESISTENTE FOI AFOGADO POR ORDENS SUPERIORES. OS OUTROS ÍNDIOS FORAM REMOVIDOS PARA OS CONTEINERS. OS DAQUI E OS DE JACAREPAGUÁ. FOI A SOLUÇÃO DO ESTADO. OS CONTEINERS SÃO DOS ÍNDIOS SOMENTE. ORDENS SUPERIORES.
·         DESISTAM DE SAIR! NÃO PODEM SAIR PORQUE ESTÁ TUDO ALAGADO! PORQUE NÃO VOLTARIAM PARA SEUS TEMPOS DE ORIGEM. ESTÃO NO AQUI E NO AGORA, E O AQUI E AGORA É PANIDROM.
·         OS ÍNDIOS ENTRAM E SAEM DE PANIDROM, MAS ALGO NOS IMPEDE. NEM PEREZ PEREZ PODE SAIR, TAMBÉM ESTÁ PRESO.
·         NÃO PODEM CAVAR. ORDENS SUPERIORES. PRECISAM ESPERAR A CHEGADA DE SUPRIMENTOS QUE SERÃO ENVIADOS. E PRECISAM PRODUZIR.

Eles discutem sobre o lugar. Precisam comer. Precisam plantar. Precisam se abrigar. Tristão fala sobre a necessidade de se estabelecer um centro, definir os locais das principais construções daquela sociedade e inicia-las imediatamente. Zé do Peixe se compromete a vigiar a chegada de alimentos. Januária fica preocupada com as crianças não terem nada para comer. Noah diz que tá um pouco fraca. Marenka ordena que todos esvaziem seus bolsos e ofereçam o que tem de comida. Homem Chamado Cavalo tem cavacas. Melanias tem um pote com tanajuras. Januária tem uma panela. Tristão tem um pote com um molho esverdeado. Zé do Peixe tem uma Garrafa de água e uma de cachaça. As crianças têm fome. Eles misturam tudo na panela e levam ao fogo. Marenka tem canecas. Todos se alimentam, menos Perez Perez. Ele reclama, Marenka lhe põe de ponta a cabeça.

Todos se afastam com objetivos e começam a transitar pelo espaço durante a propaganda de Marenka e Zé do Peixe. Ao fim, eles soltam Perez Perez enquanto Melanias trabalha na terra, tentando prepara-la para o plantio. Januária está com as meninas, elas correm, ela volta pra buscar o carrinho e conversa com Melanias. Ele fica ali parado. O Indio sinaliza que o público deve segui-lo. Durante o caminho mostra-se passagem de tempo. Tristão acha pergaminhos de PANIDROM, Noah caça moscas para o jantar, Zoeh brinca de escalar as costas de Melanias, Januária lava roupas, Marenka surge com barriga grávida, Perez Perez e Puta se enamoram, Puta já mais madura.

Toda a cena dos escombros.

 Ao fim do discurso, O Homem Chamado Cavalo chama Tristão para tomar café, antes de entrar nos escombros ele estende um pano cobrindo todo o buraco. Tristão não sai mais do buraco depois que entra. Picha:

DROM – ESTRADA
PANI - ÁGUA
PANIDROM
ESTRADA DA ÁGUA

Zoé faz sua leitura e sobe na árvore. Melanias e Januária se relacionam. Melanias pula o muro. Noah avisa Januária que Zoé sumiu. Januária tenta convencer a menina a descer. Januária dá a boneca de Zoé para Noah e é levada para longe por Marenka. Gritos. Perez Perez estupra a Puta já idosa.
TRANSIÇÃO DE TEMPO: Parto falso da Marenka. Januária com barriga de grávida. Depois da cena da barriga do bicho, Noah volta para a árvore e enfia a cabeça na terra. Januária não sai do lado delas. Ao fundo da cena, puta anciã dá de mamar ao Zé do Peixe, O Índio entrega a Zé do Peixe a carta de tarot do enforcado. Zé do Peixe faz o discurso e se enforca (sim, quem se enforca é o Zé!). Marenka e Homem Chamado Cavalo dividem o último pedaço de cavaca. Perez Perez ressurge de sua loucura com as pedras portuguesas quando percebe o exato momento em que o portão se apaga por fora. A Mão Invisível abre o Portão. Melanias retorna. Diz que nada foi alagado. Todos ressurgem como no primeiro quadro. 

Música, festa, bagaceira.





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