Wednesday, October 22, 2014

De Panidrom para Panidrom

QUERIDOS,

FIZ UM APANHADÃO GERAL DE TUDO QUE CONVERSAMOS NA SEGUNDA, É SOMENTE UMA TENTATIVA, A DEFESA DE ALGUNS PONTOS QUE ENTRARAM NO DEBATE. ESTÁ ABERTO PARA SER COMPLETAMENTE DESCARTADO, MAS ME FEZ COMPREENDER ALGUMAS COISAS. BEM, AÍ VAI...


PANIDROM

As criaturas são a síntese representante de seus lugares. O público são os seus... Todos moram em uma mesma região em diferentes tempos. Se unem em um só tempo para a grande solução sobre todos os problemas das remoções de todos os tempos. São criaturas eternas, porque esses lugares que merecem remoções sempre existiram. Resolvendo a remoção de criaturas símbolos dessas energias marginais, A Remoção será enfim solucionada.
Todos estão avisados e já sabem a determinação do Estado: hoje é o dia de irem para PANIDROM. Pouco entendem sobre o lugar, ouviram histórias, tem memórias de outros que lá estiveram. Sabem que a água irá tomar suas casas. Um dia antes da data marcada, surgem rumores de uma catástrofe recente, algo sobre um índio afogado. O Estado já teria avisado: “Vocês não têm muito tempo.” Em algumas semanas foi tudo preparado, a solução havia surgido: PANIDROM.
O Representante do Estado preparou com máximo precisão os mínimos detalhes. A Remoção histórica para PANIDROM. Todos os livros lembrariam que ele havia sido o homem de frente na remoção que criou PANIDROM. Acredita ter sido escolhido por Ordens Superiores para lá comandar aqueles povos, submetê-los para a criação dessa nova sociedade modelo. Contava com apoio músico-militar de indução sob criaturas e que teria estruturas mínimas de comando sobre esses.
O sinal toca, os povos vão chegando, as criaturas como representantes. O cortejo magnânimo para PANIDROM é alcançado pouco a pouco. Perez Perez comandando a carreata.
Em seu discurso de convencimento busca usar de argumentos compreensivos e empolgantes. Falsamente entende o grande medo daquelas criaturas: de que suas vidas fossem tomadas pela água. 

Em sua fala, afasta com ‘clareza’ qualquer temor a inundações:

PEREZ PEREZ - Não há porque temer a água, meus amigos! Não há qualquer risco neste novo lugar. É maravilhoso ter a certeza de que esse lugar é seco! Verdadeiramente confiável! Cem por cento de chance de nunca ocorrer uma inundação! Seu maior medo finalmente acabará! Terão paz em PANIDROM! Tudo que sempre se sonhou! Nossos maiores sonhos... Realizados! Toda uma expectativa!

O êxodo segue pela Primeira Estrada (a rua do BB), as criaturas começam a estabelecer relações entre elas. Quando chega o momento da curva, a confusão dessas relações eclode em uma sucessão de perguntas por todo o público, eles vão e voltam desordenadamente. (‘vocês ouviram sobre o índio afogado?’, ‘Que dia é hoje?’ ‘Me empresta?’ ‘Esse livro é da Rosa!” ‘Quem trouxe criança?’) Após o caos, eles voltam com atenção ao cortejo quando na segunda curva eles avistam o portão PANIDROM completamente iluminado.

A intensidade da música aumenta. As promessas beiram milagres. Todos caminham entre euforia, tesão e êxtase pela terra seca. Estão completamente induzidos a pensarem sobre o quanto não tem mais medo da água. A mão invisível abre os portões e o mantra hipnótico da música os conduz à extrema felicidade. Todos se sentem preenchidos em lembranças.

Entram: avistam a terra seca. Ficam maravilhados por um breve instante. Percebem que o espaço é seco demais. Avistam pela primeira vez o índio passando muito ao fundo. Comentam. Zoé não tem medo, só acha estranho índio afogado andando entre os vivos. Observam o espaço, percebem suas dimensões e começam a explorá-las. Perez Perez se sente completamente chocado com o quanto foi enganado. Não acredita não falta de tudo que lhe prometeram. Tenta discretamente retornar aos portões que ainda continuam acesos, mas completamente fechados. Se dá conta disso, seu desespero é maior. A atenção voltasse para ele.

Ele começa a tentar convencer sobre as qualidades do lugar. É preso. Ordena que o soltem, pois ele seria o quem deveria ser o governador de PANIDROM. O Índio aponta para um tronco com uma fita amarela. Só Noah está vendo isso. Noah percebe que há outros troncos assim e conta no ouvido da Zoé. Zoé diz achar que o Índio quer que todos peguem os troncos com fita amarela. O Homem Chamado Cavalo diz que quem estão certas são as crianças. Todos correm e juntam os troncos perto do Índio. Eles se afastam. O Índio pega um isqueiro e um pedaço de jornal. Acende o jornal com o isqueiro e a fogueira com o jornal. Marenka grita comandando que o público e fique na roda marcada por ela no chão:

MARENKA – Plenária! Plenária!

As criaturas ficam dentro da roda do público e Marenka marca um círculo menor para eles em volta da fogueira. Perez Perez está amarrado. 

PEREZ PEREZ REVELA :

·         QUE O ÍNDIO RESISTENTE FOI AFOGADO POR ORDENS SUPERIORES. OS OUTROS ÍNDIOS FORAM REMOVIDOS PARA OS CONTEINERS. OS DAQUI E OS DE JACAREPAGUÁ. FOI A SOLUÇÃO DO ESTADO. OS CONTEINERS SÃO DOS ÍNDIOS SOMENTE. ORDENS SUPERIORES.
·         DESISTAM DE SAIR! NÃO PODEM SAIR PORQUE ESTÁ TUDO ALAGADO! PORQUE NÃO VOLTARIAM PARA SEUS TEMPOS DE ORIGEM. ESTÃO NO AQUI E NO AGORA, E O AQUI E AGORA É PANIDROM.
·         OS ÍNDIOS ENTRAM E SAEM DE PANIDROM, MAS ALGO NOS IMPEDE. NEM PEREZ PEREZ PODE SAIR, TAMBÉM ESTÁ PRESO.
·         NÃO PODEM CAVAR. ORDENS SUPERIORES. PRECISAM ESPERAR A CHEGADA DE SUPRIMENTOS QUE SERÃO ENVIADOS. E PRECISAM PRODUZIR.

Eles discutem sobre o lugar. Precisam comer. Precisam plantar. Precisam se abrigar. Tristão fala sobre a necessidade de se estabelecer um centro, definir os locais das principais construções daquela sociedade e inicia-las imediatamente. Zé do Peixe se compromete a vigiar a chegada de alimentos. Januária fica preocupada com as crianças não terem nada para comer. Noah diz que tá um pouco fraca. Marenka ordena que todos esvaziem seus bolsos e ofereçam o que tem de comida. Homem Chamado Cavalo tem cavacas. Melanias tem um pote com tanajuras. Januária tem uma panela. Tristão tem um pote com um molho esverdeado. Zé do Peixe tem uma Garrafa de água e uma de cachaça. As crianças têm fome. Eles misturam tudo na panela e levam ao fogo. Marenka tem canecas. Todos se alimentam, menos Perez Perez. Ele reclama, Marenka lhe põe de ponta a cabeça.

Todos se afastam com objetivos e começam a transitar pelo espaço durante a propaganda de Marenka e Zé do Peixe. Ao fim, eles soltam Perez Perez enquanto Melanias trabalha na terra, tentando prepara-la para o plantio. Januária está com as meninas, elas correm, ela volta pra buscar o carrinho e conversa com Melanias. Ele fica ali parado. O Indio sinaliza que o público deve segui-lo. Durante o caminho mostra-se passagem de tempo. Tristão acha pergaminhos de PANIDROM, Noah caça moscas para o jantar, Zoeh brinca de escalar as costas de Melanias, Januária lava roupas, Marenka surge com barriga grávida, Perez Perez e Puta se enamoram, Puta já mais madura.

Toda a cena dos escombros.

 Ao fim do discurso, O Homem Chamado Cavalo chama Tristão para tomar café, antes de entrar nos escombros ele estende um pano cobrindo todo o buraco. Tristão não sai mais do buraco depois que entra. Picha:

DROM – ESTRADA
PANI - ÁGUA
PANIDROM
ESTRADA DA ÁGUA

Zoé faz sua leitura e sobe na árvore. Melanias e Januária se relacionam. Melanias pula o muro. Noah avisa Januária que Zoé sumiu. Januária tenta convencer a menina a descer. Januária dá a boneca de Zoé para Noah e é levada para longe por Marenka. Gritos. Perez Perez estupra a Puta já idosa.
TRANSIÇÃO DE TEMPO: Parto falso da Marenka. Januária com barriga de grávida. Depois da cena da barriga do bicho, Noah volta para a árvore e enfia a cabeça na terra. Januária não sai do lado delas. Ao fundo da cena, puta anciã dá de mamar ao Zé do Peixe, O Índio entrega a Zé do Peixe a carta de tarot do enforcado. Zé do Peixe faz o discurso e se enforca (sim, quem se enforca é o Zé!). Marenka e Homem Chamado Cavalo dividem o último pedaço de cavaca. Perez Perez ressurge de sua loucura com as pedras portuguesas quando percebe o exato momento em que o portão se apaga por fora. A Mão Invisível abre o Portão. Melanias retorna. Diz que nada foi alagado. Todos ressurgem como no primeiro quadro. 

Música, festa, bagaceira.





Tuesday, October 21, 2014

Emendando na Puta...

No ônibus conversando com Newlands/Melanias que sabe das coisas, imaginei ações acontecendo durante o percurso dele da assembleia até as ruínas. Flashes. Como o tempo passando. Alguém armando uma tenda, uma criança aparece caçando insetos. Ordem e progresso já começa com flashes, de certa forma, com ações que indicam o as necessidades dessas figuras, suas ações de sobrevivência, não sei de fica redundante. Mas me veio essa imagem de túnel do tempo. Aquela escada. O tempo cruzando a plateia que caminha mais um pouco. Newlands falou sobre a barriga de Marenka estar muito maior na cena das ruínas. Conversamos sobre formigas (sempre presentes...). Lembrei de uma vez em que minha família fez formiga pra comer. Tanajura. Um retorno a um sabor da Paraíba, não sei se era um hábito prazeroso ou uma necessidade, ou um hábito necessário. Mas lembro que era estranho, porque não eram as formigas do forno de barro no quintal de terra batida, eram as formigas da terra na cozinha do Rio de Janeiro, no fogão de quatro bocas, no gás, no azulejo. Caçar formigas para comer. Faz bem para a vista. Será que o sabor é o mesmo? Enquanto isso se come barro para não morrer. Ralar tijolo. Espero que Melanias tenha anotado mais coisas em seu caderno, foram muitas coisas. Bom saber que Cássia também ficou fritando. 
Ontem passou uma barata da terra no ensaio. A barata que GH come. A figura desenhada pela empregada de GH. As figuras do espaço do campinho. O prédio branco. As mensagens pelas paredes. Os internos do Pinel. Algo ali ficou pela metade. Chegar e se deparar com um resquício de passado e um resquício de futuro. A terra preparada para. Um prédio provisório que está. A árvore proibida. Adão e Eva, os palhaços. Em Niterói construíram um conjunto habitacional sobre uma terra que havia desabado, para realocar as famílias que sofreram o desabamento, mas os prédios racharam e acho que foram demolidos.


Puta - jogando pro alto. | sobre elementos cênicos.

refletindo sobre o comentário da orientadora. 

Conversando com a Mordente minha rum meiti, sobre o filme da Virgini Despencer (gente n sei escrever os nomi de cabeça) o nome do filme é Foda-me em portuga. 

Tem uma cena de estupro no filme, onde 2 macho, tentam estuprar as 2. uma num misto de desespero e gozo, esperneia. a outra, a que já sabe o que é isso, a que já sabe dessa possibilidade na vida de ser mulher, da rua. encara, tira a roupa com tranquilidade e fica de 4, não emite nenhum som, nenhuma expressão, nenhuma revolta, dá o seu corpo para o macho, que fica muito puto pela não reação dela. 
A xinga, a empurra, fica puto por sua apatia, os dois cansam e vão embora meio putos. O filme se desenrola, ela começa a matar os caras. 

Referência musical: PAGU - Vou cortar sua pica. 

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E se na cena de estupro, a música desacelera, o tempo paralisa, ( após os empurrões e o que marca o inicio da tensão da festa) a puta tira a sua roupa ou deixa os abusos acontecerem, (cada peça ser arrancada) vem o peixe, vem a januaria, vem o homem chamado cavalo, puxam o cabelo também. 
puta, imóvel, em pé, de frente para o público. acaba. se veste. 

e se a puta usasse uma máscara durante toda a peça e na cena do estupro a retirasse ou o contrário. (algo que limite entre fábula, que orquestre as cenas) 

depois (não necessariamente logo depois) pega de um isopor, ou da terra, ou da onde viesse a comida, uma grande linguiça, e a preparasse, cortasse em pedaços, e depois servisse ao público com flores e felicidade. (ou não)

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Sonhei com Panidrom. 

Os holofotes, a luz ofuscante do paraíso. 

A entrada, 

mirada geral sobre o espaço. 

Panidrom estava ambientada com manequins, vários, dessas mulheres modelas brancas de olhos azuis e carecas. 

 as manequins assim nuas, provocando uma imagem macabra elas em cícurlo, penduradas nas árvores, pixadas. ( ou não) 

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sonhei com as crianças sonhando.durmindo
 música onírica. 

luz azulada, as criaturas emergem todas mascaradas,  cada uma com um balão inflavel desses de festa de criança ( bolão q tem balas dentro) cheios de água e cada criatura estourar um. 

as crianças acordam assustadas

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Pensei-sonhei muito com a questão de máscaras, como elas intensificam alguns corpos, ou apresentam outro tempo no momento em que estão vestidas, ou jogadas. 

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é isso galera, momento delírio. 

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<3 fritação


Monday, October 20, 2014

E se (também)

E se um copo fosse retirado da bandeja? Ela tombaria para o lado, os outros copos se partiriam no chão. Ou o garçom teria de fazer muito esforço para mantê-la em pé. Será que quando uma pessoa desaparece a terra pende? 
O que acontece com as pessoas quando some Amarildo?

Uma história:

E então de repente uma sirene de remoção tocou.
No leste, a população viu as ondas no horizonte.
No oeste meninas caminham cegas na estrada.
No norte ninguém acredita, mas sai de casa, porque tocou uma sirene e o prefeito mandou sair.
No sul já não há mais quase ninguém. Pessoas catam lixo, objetos dos outros, esperam.
E então de repente uma sirene de remoção tocou.
Pessoas vindas de todos os lugares se encontram num meio de caminho qualquer, jogados pelo vento, jogados pela estrada. Uma mão invisível os empurrou e eles se esbarram e se cheiram.
Depois de dias de êxodo, chegam à terra prometida.
Ela é feia como uma instituição pública. Restos de obra, pepéis voando, áreas proibidas. Tudo já foi alguma coisa. Esse abandono lhes dá a sensação de que não é um lugar de futuro, e sim de passado. Agora terão de limpar o passado do espaço. Para que caiba o passado deles. Para que caiba um futuro.
As crianças exploram o presente. Alguns farejam o passado. Outros vêem o futuro. 
Será preciso: 
Alguém que saiba escrever bem.
Encontrar ou criar um lugar coberto. 
Produzir comida (Plantar o que der, e compartilhar com os demais o que houver).

1. Choque ou curiosidade ou esperança
2. Assembleia
3  Fome (comer o que se tem)
4. Sono
5. Nova fome (plantio)
6. Espera longa (silêncio amargo)
7. A terra não mente

Os que não sabem trabalhar, caem na preguiça. Eles sabem ter preguiça, são bons nisso.
Há revolta ou cada um faz aquilo que melhor sabe fazer?

Não sei mais o que escrever.

E se... juntos... nós...

- Sobreviventes de alagamentos distintos.
- Remoção planejada pelo Estado para dar um ''cala-boca'' na galera que tá reclamando.
- Perez Perez guia da remoção, massa de manobra, acha que tem poder, se fode junto.
- Chegam em Panidrom como criança que chega na Disney.
- O portão se fecha e isso não é uma questão. (Quem fecha e leva a chave? O motorista do carro?)
- Começam a perceber que não é lá tão bom assim.
- Plenária ''pé no chão'' pra traçar os rumos da sobrevivência.
- Traçam possíveis rotas de fuga (?)
- Desistem de sair.
- Convivem, organizam-se como é possível, festejam, dançam.
- Aprofundam a relação com terra que habitam. E com os habitantes.
- Tensões. Conflitos. Amores.

Problema: como sair e porque sair? quem abre o portão? alguém volta com alguma boa-nova lá de fora?

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!

e se...?

- chegam todos cegos pela esperança de se salvarem dos alagamentos fora de Panidrom
- festejam ao chegar em terra seca
- descobrem a falta de água e comida em Panidrom, e consequentemente, a dificuldade de sobrevivência
- fuga de Perez
- plenária, onde se vingam de Perez e se organizam para sobreviverem em Panidrom
- todos nas ruínas trabalhando e na rotina
- acham comida e bebida, comem, bebem e festejam
- estupro
- puta some com perez
- sexo melanias e januária. jana pira no melanias, melanias pula o muro
- puta mata o perez (TCHAM TCHAM TCHAM TCHAM!) (ensaio sobre a cegueira!)
- CAOS EM PANIDROM (sei lá o que rola aqui, gente)
- marenka invade o carro, peixe abre o portão
- cortejo de saída, com festa, dança, cerveja

fudeu, viajei, tô fritando

Tuesday, October 14, 2014

Fim 3 - Palhaço Borboleta

MARENKA: E se eu acordo à noite cheia de terra?
PEIXE: Eu abro minha cova.
MARENKA: atravesso os ossos do peito com meus canudos de dedo. no lugar do coração tem um rato que eu deposito na sua frente. as tripas se mexem na pulsação do diafragma, acho que consigo ver o esôfago dele. o rato está mais vivo do que eu, entende? ele sentia uma dor na barriga que não passava e com as unhas coçava o pelo até arranhar a pele. com a ajuda dos dentes abriu um buraco capaz de passar uma agulha, por onde tentou arrancar seus medos com uma pinça que se derreteu em ácido. conseguiu puxar para fora um pedaço do intestino delgado e seguiu puxando em piruetas imprecisas e lindas, como um palhaço chorando que segue cambaleando por entre os trilhos trêm procurando o melhor lugar para deitar. dali a pouco a cidade alaga. o palhaço se encontra entre uma igreja branca e uma estação abandonada. lá seria escuro o suficiente para que não percebessem a sua presença. não que alguma vez alguém o tivesse notado. mas esperava que não fosse logo agora, no fim, que fosse visto. não esperava que fosse antes do início o fim que esperava que fosse logo agora tudo o que queria era ser visto, agora, no início de tudo. deitou-se no trilho, os braços para cima em alto lá, uma margarida de plástico na boca. o tempo passou ao contrário por uma eternidade e logo agora seria certeiro no fim do inicio de tudo de tudo início fim nunca certo. o trem acelerava depois da curva e o palhaço implorava por clemência. dali a pouco, seria tudo inundado. Num instante a rua se encheu, o trem acelerava, amanheceu, as crianças pintavam mapas, o trem acelerava, o palhaço conseguia sentir adrenalina pela primeira vez, o bonde até tenta desviar, mas descarrila, passa em cima da mão alto lá do palhaço e se atira contra um caminhão de gás que explode o trem, uma igreja, 3 cachorros e a puta. do meio da fumaça o palhaço surge dançando em mil piruetas. uma borboleta insistindo em se queimar na lâmpada. seu grito é seco. suas mãos estendidas a frente do corpo, onde cindo dedos ausentes agora jatos vermelhos de sangue criam círculos no chão. o rato morre finalmente. e eu consigo dormir, entende?
PEIXE: dorme logo, marenka. que eu já to sentindo o chão tremer.

Fim 2 - ladrões de memória


peixe: tá sentindo isso? acho que o tempo parou.
marenka: é seu relógio, porra.
silêncio
marenka: imagina se toda vez o tempo parasse. ondas gigantes, paredes rasgadas pela água, queda no poço, cara no balde, praças inundadas, barragens, imagina se parassem. milhoes e milhoes de particulas de agua se locomovedo tão lentamente que demorariam milênios para o segundo seguinte.
marenka: vocês estão indo para um lugar maravilhoso agora, o melhor do mundo!
eles riem muito
peixe: obrigada, história do mundo, por guardar para nós toda essa indiferença.
marenka: milênios, milênios, milênios.
silêncio
peixe: vamos fundar uma cidade!
marenka: socorro! essa maluca quer me seduzir!
ele avança para cima dela. eles riem e se batem.
peixe: vamos roubar mais memórias!
Marenka quebra uma garrafa na cabeça do Peixe, a música muda a frequência. Tudo é agitado. Num impulso, O Peixe levanta e corre atrás dela. Eles correm e riem até que ele a alcança e a joga no ombro Música alta. Cada um vem do seu canto. Todos dançam. Festa com bebidas e quitutes.

Fim 1 - Adão e Eva - que já não é

Marenka e o Peixe caminham bêbados. Os dois vestidos de mulher. Um misto de dança, cansaço e embriaguez. Ao fundo, uma morta dança.
O PEIXE: No princípio era a terra.
Eles gargalham
MARENKA: o mar engole tudo.
O PEIXE: cria chão, rasga chão, vira continente, afunda continente. nasce submundo. morre humano.
MARENKA: Blablablabla. Poeta de cu.
O PEIXE: Você fica linda brava
MARENKA: Para. Eu tô grávida de mim. Preciso descansar. Conta mais.
O PEIXE: Deus, Darwin, Prometeu, Nu Wa e Stela do Patrocínio criaram o homem.
MARENKA: Aí vem um filho da puta, constrói uma hidrelétrica, afunda a porra toda e fode com as ideias.
O PEIXE: A água que te traz te leva, Marenka!
MARENKA: Só sobrou eu e ela! Não vai dar pra povoar o mundo! Alô! Tem alguém aí? Só tem eu e essa velha pelancuda. Vem comigo, porra!
O PEIXE: To cansado de morrer. Resolvi virar peixe.
MARENKA: Grandes Cidades!
O PEIXE: Água
MARENKA: Célebres
O PEIXE: Água
MARENKA: Cidades Históricas
O PEIXE: Água
MARENKA: Amores e desamores
O PEIXE: Água
MARENKA: Cansei de nascer, resolvi virar peixe.
O PEIXE: E depois?
Marenka quebra uma garrafa na cabeça do Peixe, a música muda a frequência. Tudo é agitado. Num impulso, O Peixe levanta e corre atrás dela. Eles correm e riem até que ele a alcança e a joga no ombro Música alta. Cada um vem do seu canto. Todos dançam. Festa com bebidas e quitutes.

Monday, October 6, 2014

Onde

Grandes espaços para encontro. Se for uma cidade, que tenha bares e luzes à noite, para que haja movimento e não precise passar a patrulhinha. Horizonte para sonhar. Mares possíveis. Ondas nem sempre violentas, nem sempre calmas. Escolas com muitos espaços. Bicicletas. Ladeiras pra gente malhar a perna. Cordas nas árvores pra gente brincar de ser macaco. Casas iluminadas pelo sol. Plantações de maconha sem agrotóxicos. Flores. Tempo para fabricar coisas: instrumentos musicais, objetos inusitados. Caminhos bonitos para andar a pé. Não haverá prédios espelhados, não haverá o reflexo violento dos metais, os pássaros não morrerão enganados. O ar não será abafado, não haverá fumaça inútil. Só das panelas. Os trens levam e trazem pessoas. A distância não nos assustará. A água sairá limpa dos canos. Não cercarão os rios de concreto. Se o progresso chegar, não trocarão cavalos pelos motocicletas, mas pelas próprias pernas. Falaremos com seres de outros tempos, de Atlantis, e dos anos 60-70. Com esses a gente já se comunica, mas não sabe. Jogos teatrais. Que o vento nos refresque e não derrube nossas casas. Tempo para criar. Tempo para meditar. Força para trabalhar. Nenhuma definição de sexualidade ou profissão. Os corpos se conhecerão pelo toque, sem espera, sem cuilpa, sem expectativas. Os chucros conhecerão o amor como adolescentes. Os velhos serão acarinhados e respeitados, suas lembranças serão calmas. Os bandidos não serão punidos nem perdoados, tudo cairá por terra e eles precisarão olhar para si próprios e construir alguma coisa. As crianças não serão estupradas, nem os adultos. Convivência amistosa entre céticos e míticos, cada um vê a terra como quer. Deus está em todas as coisas. Deus é todas as coisas. Todas as coisas são de Deus. Todas as coisas são nossas. Deus é nosso. Todos os deuses. E tudo gira. Mu maior desafio será fugir da representação. Porque esta estante, esta cama, este quadro na parede não poderão mais ser minha roupa. Não poderão ser minha máscara. "Um livro de poesia na gaveta não adianta nada, lugar de poesia é na calçada." É difícil abrir mão desta cidade. Difícil abrir mão do caos do centro. 
Não haverá arrogância nas boates, se houver boates. Na verdade não haverá, a fumaça de nossos cigarros irá para os céus, nosso suor evaporando, homens e mulheres se beijando sem medo de apanhar. 
Conseguirei viver sem queijo? como ficará a questão das vacas?
Papai fará doces no domingo.
Mamãe de bigode fazendo quadros que dirão surrealistas, mas ela não sabe o que é isso, no sertão a fome é tanta que um movimento alimenta o outro. O filho surrealista não nega o pai impressionista. 
Os executores das grande obras receberão o mesmo que os idealizadores. 
Os artistas se recusarão a fazer shows de R$ 300,00.
Quando os atores precisarem de caixa preta, farão a caixa preta com madeira e pano. E as caixas pretas andarão por aí, com filmes e histórias. Os antigos cinemas reabrirão suas portas. E nas igrejas poderemos nos ajoelhar, levitar, dançar em roda, incorporar, tomar cháse fazer muitas ceias, igualmente santas, com índios e freis titos. 
Objetos fálicos só para o amor, sem o recalque masculino, sem dominação do corpo alheio.
Não haverá pistola nem bala.
Não haverá tiro, porrada ou bomba.
Não inventarão a espada.
Irene dará sua risada.
En las multitudes el hombre que yo amo.
Una hermana muy hermosa que se llama libertad.
Brisa. Conversas na calçada com brisa. Por enquanto é isso. 



espero

encontrar menos medo, menos rancor, menos fúria, menos fuga, menos tudo aquilo que está e é e reina hoje nos espaços longos da rotina exaustiva. espero mais presença, de todos os lados, invadindo todas as partículas e veias do corpo terra. mais conexão, menos isolamento. não sei esperar algo concreto e de possível construção para um possível espaço. o que mais busco é um espaço branco, o que menos consigo explicar, aquilo que quando nomeio se afasta, mas está e é. aquilo que não vemos, mas que contém tudo. e que de alguma forma existe em tudo e todos, que de alguma forma é o que conecta e explica o porquê disso tudo.
desculpe a neblina, mas é o que tenho pra hoje.

No melhor lugar do mundo eu esperaria encontrar...

Thursday, October 2, 2014

daquilo que nao falo, só vomito
igualmente:
-devastador
-criador
-enlouquecedor


                                     

                                                                     TERRAGUARDO