FIZ UM APANHADÃO GERAL DE TUDO QUE CONVERSAMOS NA SEGUNDA, É SOMENTE UMA TENTATIVA, A DEFESA DE ALGUNS PONTOS QUE ENTRARAM NO DEBATE. ESTÁ ABERTO PARA SER COMPLETAMENTE DESCARTADO, MAS ME FEZ COMPREENDER ALGUMAS COISAS. BEM, AÍ VAI...
PANIDROM
As criaturas são a síntese
representante de seus lugares. O público são os seus... Todos moram em uma
mesma região em diferentes tempos. Se unem em um só tempo para a grande solução
sobre todos os problemas das remoções de todos os tempos. São criaturas
eternas, porque esses lugares que merecem remoções sempre existiram. Resolvendo
a remoção de criaturas símbolos dessas energias marginais, A Remoção será enfim
solucionada.
Todos estão avisados e já sabem a
determinação do Estado: hoje é o dia de irem para PANIDROM. Pouco entendem
sobre o lugar, ouviram histórias, tem memórias de outros que lá estiveram.
Sabem que a água irá tomar suas casas. Um dia antes da data marcada, surgem
rumores de uma catástrofe recente, algo sobre um índio afogado. O Estado já
teria avisado: “Vocês não têm muito
tempo.” Em algumas semanas foi tudo preparado, a solução havia surgido:
PANIDROM.
O Representante do Estado
preparou com máximo precisão os mínimos detalhes. A Remoção histórica para
PANIDROM. Todos os livros lembrariam que ele havia sido o homem de frente na
remoção que criou PANIDROM. Acredita ter sido escolhido por Ordens Superiores para
lá comandar aqueles povos, submetê-los para a criação dessa nova sociedade
modelo. Contava com apoio músico-militar de indução sob criaturas e que teria
estruturas mínimas de comando sobre esses.
O sinal toca, os povos vão
chegando, as criaturas como representantes. O cortejo magnânimo para PANIDROM é
alcançado pouco a pouco. Perez Perez comandando a carreata.
Em seu discurso de convencimento
busca usar de argumentos compreensivos e empolgantes. Falsamente entende o
grande medo daquelas criaturas: de que suas vidas fossem tomadas pela água.
Em
sua fala, afasta com ‘clareza’ qualquer temor a inundações:
PEREZ PEREZ - Não há porque temer a água, meus amigos! Não há
qualquer risco neste novo lugar. É maravilhoso ter a certeza de que esse lugar
é seco! Verdadeiramente confiável! Cem por cento de chance de nunca ocorrer uma
inundação! Seu maior medo finalmente acabará! Terão paz em PANIDROM! Tudo que
sempre se sonhou! Nossos maiores sonhos... Realizados! Toda uma expectativa!
O êxodo segue pela Primeira Estrada
(a rua do BB), as criaturas começam a estabelecer relações entre elas. Quando
chega o momento da curva, a confusão dessas relações eclode em uma sucessão de
perguntas por todo o público, eles vão e voltam desordenadamente. (‘vocês
ouviram sobre o índio afogado?’, ‘Que dia é hoje?’ ‘Me empresta?’ ‘Esse livro é
da Rosa!” ‘Quem trouxe criança?’) Após o caos, eles voltam com atenção ao
cortejo quando na segunda curva eles avistam o portão PANIDROM completamente
iluminado.
A intensidade da música aumenta.
As promessas beiram milagres. Todos caminham entre euforia, tesão e êxtase pela
terra seca. Estão completamente induzidos a pensarem sobre o quanto não tem
mais medo da água. A mão invisível abre os portões e o mantra hipnótico da
música os conduz à extrema felicidade. Todos se sentem preenchidos em
lembranças.
Entram: avistam a terra seca.
Ficam maravilhados por um breve instante. Percebem que o espaço é seco demais.
Avistam pela primeira vez o índio passando muito ao fundo. Comentam. Zoé não
tem medo, só acha estranho índio afogado andando entre os vivos. Observam o
espaço, percebem suas dimensões e começam a explorá-las. Perez Perez se sente
completamente chocado com o quanto foi enganado. Não acredita não falta de tudo
que lhe prometeram. Tenta discretamente retornar aos portões que ainda
continuam acesos, mas completamente fechados. Se dá conta disso, seu desespero
é maior. A atenção voltasse para ele.
Ele começa a tentar convencer
sobre as qualidades do lugar. É preso. Ordena que o soltem, pois ele seria o
quem deveria ser o governador de PANIDROM. O Índio aponta para um tronco com
uma fita amarela. Só Noah está vendo isso. Noah percebe que há outros troncos
assim e conta no ouvido da Zoé. Zoé diz achar que o Índio quer que todos peguem
os troncos com fita amarela. O Homem Chamado Cavalo diz que quem estão certas
são as crianças. Todos correm e juntam os troncos perto do Índio. Eles se
afastam. O Índio pega um isqueiro e um pedaço de jornal. Acende o jornal com o
isqueiro e a fogueira com o jornal. Marenka grita comandando que o público e
fique na roda marcada por ela no chão:
MARENKA – Plenária! Plenária!
As criaturas ficam dentro da roda
do público e Marenka marca um círculo menor para eles em volta da fogueira.
Perez Perez está amarrado.
PEREZ PEREZ REVELA :
·
QUE O ÍNDIO RESISTENTE FOI AFOGADO POR ORDENS
SUPERIORES. OS OUTROS ÍNDIOS FORAM REMOVIDOS PARA OS CONTEINERS. OS DAQUI E OS
DE JACAREPAGUÁ. FOI A SOLUÇÃO DO ESTADO. OS CONTEINERS SÃO DOS ÍNDIOS SOMENTE.
ORDENS SUPERIORES.
·
DESISTAM DE SAIR! NÃO PODEM SAIR PORQUE ESTÁ
TUDO ALAGADO! PORQUE NÃO VOLTARIAM PARA SEUS TEMPOS DE ORIGEM. ESTÃO NO AQUI E
NO AGORA, E O AQUI E AGORA É PANIDROM.
·
OS ÍNDIOS ENTRAM E SAEM DE PANIDROM, MAS ALGO
NOS IMPEDE. NEM PEREZ PEREZ PODE SAIR, TAMBÉM ESTÁ PRESO.
·
NÃO PODEM CAVAR. ORDENS SUPERIORES. PRECISAM
ESPERAR A CHEGADA DE SUPRIMENTOS QUE SERÃO ENVIADOS. E PRECISAM PRODUZIR.
Eles discutem sobre o lugar.
Precisam comer. Precisam plantar. Precisam se abrigar. Tristão fala sobre a
necessidade de se estabelecer um centro, definir os locais das principais
construções daquela sociedade e inicia-las imediatamente. Zé do Peixe se
compromete a vigiar a chegada de alimentos. Januária fica preocupada com as
crianças não terem nada para comer. Noah diz que tá um pouco fraca. Marenka ordena
que todos esvaziem seus bolsos e ofereçam o que tem de comida. Homem Chamado
Cavalo tem cavacas. Melanias tem um pote com tanajuras. Januária tem uma
panela. Tristão tem um pote com um molho esverdeado. Zé do Peixe tem uma
Garrafa de água e uma de cachaça. As crianças têm fome. Eles misturam tudo na
panela e levam ao fogo. Marenka tem canecas. Todos se alimentam, menos Perez
Perez. Ele reclama, Marenka lhe põe de ponta a cabeça.
Todos se afastam com objetivos e
começam a transitar pelo espaço durante a propaganda de Marenka e Zé do Peixe.
Ao fim, eles soltam Perez Perez enquanto Melanias trabalha na terra, tentando
prepara-la para o plantio. Januária está com as meninas, elas correm, ela volta
pra buscar o carrinho e conversa com Melanias. Ele fica ali parado. O Indio
sinaliza que o público deve segui-lo. Durante o caminho mostra-se passagem de
tempo. Tristão acha pergaminhos de PANIDROM, Noah caça moscas para o jantar,
Zoeh brinca de escalar as costas de Melanias, Januária lava roupas, Marenka
surge com barriga grávida, Perez Perez e Puta se enamoram, Puta já mais madura.
Toda a cena dos escombros.
Ao fim do discurso, O Homem Chamado Cavalo
chama Tristão para tomar café, antes de entrar nos escombros ele estende um
pano cobrindo todo o buraco. Tristão não sai mais do buraco depois que entra.
Picha:
DROM – ESTRADA
PANI - ÁGUA
PANIDROM
ESTRADA DA ÁGUA
Zoé faz sua leitura e sobe na
árvore. Melanias e Januária se relacionam. Melanias pula o muro. Noah avisa
Januária que Zoé sumiu. Januária tenta convencer a menina a descer. Januária dá
a boneca de Zoé para Noah e é levada para longe por Marenka. Gritos. Perez
Perez estupra a Puta já idosa.
TRANSIÇÃO DE TEMPO: Parto falso
da Marenka. Januária com barriga de grávida. Depois da cena da barriga do
bicho, Noah volta para a árvore e enfia a cabeça na terra. Januária não sai do
lado delas. Ao fundo da cena, puta anciã dá de mamar ao Zé do Peixe, O Índio entrega a Zé do Peixe a carta de tarot do enforcado. Zé do Peixe faz o
discurso e se enforca (sim, quem se enforca é o Zé!). Marenka e Homem Chamado Cavalo dividem o último pedaço
de cavaca. Perez Perez ressurge de sua loucura com as pedras portuguesas quando
percebe o exato momento em que o portão se apaga por fora. A Mão Invisível abre
o Portão. Melanias retorna. Diz que nada foi alagado. Todos ressurgem como no
primeiro quadro.
Música, festa, bagaceira.