Sunday, July 12, 2015

 Amigues, 

(Segue uma pequena reflexão que tive com a Cla e o Tomás após apresentação de Panidrom na PUC)

  Apreciei muito e achei esclarecedor o apontamento da Clarice.

" - Acho que são nove criaturas e um performer. "

 Dormi sobre o assunto. Ora, a realidade não é um dado natural ou um efeito do passado. Ela é teatral; fabricada. É o que o Tristão me fez ver na última apresentação enquanto conduzíamos o público por ruas estreitas e cheias de câmeras. É o que compreendo como “sociedade do espetáculo”. Diante desse acontecimento, a criatura que não quer ser capturada “Tristão” tenta ir na contramão dessa realidade, ele a rejeita, a quer desmascarar. Enquanto contempla a parede parece descobrir seu verdadeiro nome:

  - Ninguém.

 Entende- se seu ceticismo? Impossível apreender o real como totalidade, pois não há verdade na realidade, ela é uma fabricação histórica de vontades de poder. E por que as placas? Por que essa obsessão por escrever a própria história acaba em ruína? Talvez porque ao nos depararmos com uma ruína a primeira coisa que fazemos é construir para ela uma história. E quem conta essa história?  
O contar e o representar me parecem motes interessantes para pensar o “performar” que a Clarice aponta, uma vez que: os enunciados constituintes da realidade do espetáculo são estratégias de dominação.

  “A memória é uma ilha de edição”. 

Essa dificuldade do Tristão em assumir seu papel de dentro da cena, talvez venha da necessidade um de seus autores que já não quer encenar ou contar mais nada, porque compreende que aquilo que se consegue representar ou contar na realidade encenada também é estratégico e editado. O autor em questão esteve nas ruas em junho e sentiu no corpo o papel do estado midiático. Sua “tradução das massas” em jogos de linguagem, que sedentos de poder pela unidade, se mostraram incapazes de lidar com a multidão*, transformando indivíduos em personagens e acontecimentos em [espetáculo].




*Multiplicidade

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